Paulo Miranda do SPFC é, antes de tudo, um forte

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 Por Ricardo Flaitt (Alemão)

Na partida entre São Paulo e Emelec, quinta-feira (30/10), no Morumbi, pela Copa Sul-Americana, não foram somente os 3 a 0 do primeiro tempo e a forma como o Tricolor tomou dois no início do segundo, que chamaram a atenção. A opressão da torcida em relação a Paulo Miranda também.

Jonathan Doin, mais conhecido como Paulo Miranda, chegou ao São Paulo em 2012, vindo do Bahia, com status de xerifão, sob o contexto de um Tricolor que precisava se reforçar na zaga pelo fato de que, em 2011, perdera os zagueiros Miranda, Alex Silva e Renato Silva, sofria com as contusões constantes de Rhodolfo, Xandão, Luiz Eduardo e a ausência de Bruno Uvini, que servia à Seleção Brasileira Sub-20.

No Morumbi, Paulo Miranda não conseguiu emplacar uma sequência de boas atuações. Com falhas em clássicos, passou a ser duramente criticado, ou praticamente apedrejado, pela torcida (inclusive por mim e que aproveito para pedir desculpas por também ter atirado pedras em situações anteriores).

Assim, foi perdendo espaço, até culminar numa situação extrema, quando a diretoria do São Paulo, minutos antes da partida contra a Ponte Preta, em Campinas, no dia 02 de maio de 2012, pela Copa do Brasil, determinou que o técnico Leão afastasse o jogador.

Para um fraco, uma situação como esta seria o fim da história de qualquer jogador em um clube. No entanto, Paulo Miranda, não se abateu, não polemizou, aguentou firme e seguiu no São Paulo.

Leão e os jogadores do São Paulo acataram, mas não aceitaram a decisão da diretoria, que minimizou o comando do técnico e expôs o jogador de forma abusiva.

UMA NOVA INQUISIÇÃO

Paulo Miranda, mesmo sob forte pressão, não se abateu, não pediu para sair. Aguentou firme as críticas e seguiu trabalhando. Ganhou nova oportunidade como lateral e surpreendeu com boas atuações. No entanto, passados mais de dois anos, a torcida do São Paulo parece querer montar um novo tribunal de Inquisição da  Arquibancada a Paulo Miranda.

Bastou a equipe, em sentido todo, geral – não individual – vacilasse nos minutos iniciais do segundo tempo contra o Emelec, que a torcida começou a apedrejá-lo.

Rogério Ceni mostrou mais uma vez porque é mito, dentro e fora de campo, ao defender Paulo Miranda, argumentando acertadamente que as falhas não poderiam recair sobre um jogador. Além de estar dizendo a verdade, considerando a partida em si, mostrou a união do grupo e o caráter daqueles que formam o São Paulo 2014.

O zagueiro-lateral é boa opção para compor o elenco do São Paulo, que vem buscando reforçar e ampliar o elenco para a temporada 2015.

Considerando o permanente tribunal das arquibancadas, que oscilam mais que o São Paulo, muitos no lugar do zagueiro teriam se abatido, desistido, procurado outro clube. Porém, Paulo Miranda é, antes de tudo, um forte e merece respeito não só como atleta, mas como o homem que foi e está sendo para suportar tamanha pressão.

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Ricardo Flaitt, o Alemão, é jornalista (MTb 40.939), estudou Filosofia (UNESP/Marília) e Letras (UNESP/Assis) ao mesmo tempo; mas abandonou para estudar História. Lançou o livro de poesias “O Domesticador de Silêncios” e venceu, dentre outros concursos literários, duas vezes o Mapa Cultural Paulista, evento promovido pela Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo nas categorias Literatura e Composição Musical. Escreve sobre cinema nos sites da Força Sindical e no Culturalmente Santista. @flaittt

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